domingo, 2 de dezembro de 2012

O Aluno Autista e o Processo de Aprendizagem


O Aluno Autista e o Processo de Aprendizagem

“É no processo de procurar uma maneira diferente de nos relacionarmos com nossas crianças, nossa família ou com pessoas com autismo que aprendemos a suportar o que existe sob a superfície e encontramos nesse diagnóstico tão difícil, mas que de fato faz parte da nossa vida, algo que nos empurra para uma nova vida”.
Deborah Barret, mãe de Anthony, 11 anos, autista.
“Todo tipo de apoio deve reconhecer que embora o autismo seja uma parte muito importante do que eu sou, não é tudo o que eu sou. Pais e profissionais deveriam reconhecer que não somente nós podemos aprender com eles, mas eles também podem aprender conosco”.
William Recai, voluntário no National Autistic Society da Escócia, diagnosticado aos 25 anos.

1. Histórico do Conceito de Autismo
Qualquer abordagem sobre o tópico autismo infantil deve referenciar os pioneiros Leo Kanner e Hans Asperger que, separadamente, publicaram os primeiros trabalhos sobre esse transtorno. Kanner, em 1943, descreveu a condição de onze crianças consideradas especiais, com características diferentes de um conceito que estava muito em voga na época, a esquizofrenia infantil. A publicação de Kanner, entitulada Autistic disturbance of affective contact, na revista “Nervous Child” e a tese de doutorado de Asperger em 1944 continham descrições detalhadas de casos de autismo, e também ofereciam os primeiros esforços para explicar teoricamente tal transtorno. Ambos acreditavam que desde o nascimento havia um transtorno básico que originava problemas altamente característicos. Parece uma coincidência notável o fato de que ambos escolheram a palavra ‘autista’ para caracterizar a natureza do transtorno em questão. Na verdade, não é uma coincidência, uma vez que esse termo já tinha sido apresentado pelo eminente psiquiatra Eugen Bleuler em 1911. Originalmente, esse termo se referia a um transtorno básico em esquizofrenia (outro termo lançado por Bleuler), mais especificamente, o estreitamento do relacionamento com as pessoas e com o mundo exterior, um estreitamento tão extremo que parecia excluir tudo, exceto a própria pessoa. Este estreitamento poderia ser descrito como um afastamento da estrutura de vida social para a individualidade. Daí as palavras ‘autista’ e ‘autismo’, originárias da palavra gregaautos, que significa ‘próprio’. Atualmente, elas são aplicadas quase que exclusivamente ao transtorno de desenvolvimento chamado de autismo. Tanto Kanner, trabalhando em Baltimore, quanto Asperger, trabalhando em Viena, notaram casos de crianças diferentes que tinham em comum algumas características fascinantes. Acima de tudo, as crianças pareciam incapazes de desenvolver um relacionamento afetivo normal com as pessoas.
Em contraste ao conceito de esquizofrenia de Bleuler, o transtorno autista parecia existir desde o começo da vida do paciente. O artigo de Kanner tornou-se o mais citado em toda a literatura sobre autismo, enquanto que o artigo de Asperger, escrito em alemão e publicado durante a Segunda Guerra Mundial, foi largamente ignorado. Surgiu uma crença de que Asperger havia descrito um tipo diferente de criança, que não devia ser confundido com o descrito por Kanner. A definição de autismo feita por Asperger, ou como ele a chamava, “psicopatologia autista”, é bem mais ampla que a de Kanner. Asperger incluía casos que mostravam um dano orgânico severo e aqueles que transitavam para a normalidade. Atualmente, o termo Síndrome de Asperger tende a ser reservado para as raras crianças autistas apenas ligeiramente afetadas (autismo de alto desempenho), que dão mostras mais claras de inteligência e altamente verbais. Já a síndrome de Kanner é freqüentemente usada para indicar a criança com uma constelação de aspectos clássicos ou ‘nucleares’, assemelhando-se, em detalhes surpreendentes, às características que Kanner identificou em sua primeira descrição inspirada.
Kanner viria a reconhecer, mais tarde, que o termo autismo não deveria se referir a um afastamento da realidade com predominância do mundo interior, como se dizia acontecer na esquizofrenia. Para Kanner – e esta pode ser considerada uma das melhores definições do conceito – não haveria no autismo um fechamento do indivíduo sobre si mesmo, mas um tipo particular e específico de contato do indivíduo com o mundo exterior.
Nos anos 1950 e 1960, o psicólogo Bruno Bettelheim afirmou que a causa do autismo seria a indiferença da mãe, que denominou de “mãe-geladeira’”. Nos anos 1970 essa teoria foi posta por terra e passou-se a pesquisar as causas do autismo. Ainda assim, autores como Rutter, afirmavam que o autista possuía uma incapacidade inata para estabelecer qualquerrelação afetiva bem como para responder aos estímulos do meio.
Felizmente, essas teorias foram superadas e hoje acredita-se que o autismo esteja ligado a causas genéticas associadas a causas ambientais. Dentre as possíveis causas ambientais, a contaminação por mercúrio tem sido apontada por militantes da causa do autismo como forte candidata, assim como problemas na gestação.

2. Características
O autismo é definido como um transtorno invasivo do desenvolvimento, isto é, algo que faz parte da constituição do indivíduo e afeta sua evolução. Manifesta-se antes dos três anos de idade. O autista, em geral, apresenta comprometimentos em três importantes domínios do desenvolvimento humano: a comunicação, a sociabilização e a imaginação. A isto, denomina-se tríade.
1. Desvios qualitativos da comunicação
São assim chamados pela dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal.
Portanto, dentro da grande variação possível na severidade do autismo, pode-se encontrar uma criança sem linguagem verbal e com dificuldades na comunicação por qualquer outra via – isto inclui ausência de uso de gestos ou um uso muito precário dos mesmos; ausência de expressão facial ou expressão facial incompreensível para os outros e assim por diante – como se pode, igualmente, encontrar crianças que apresentam linguagem verbal, porém esta é repetitiva e não comunicativa.
Muitas das crianças que apresentam linguagem verbal repetem simplesmente o que lhes foi dito. Este fenômeno é conhecido com ecolalia imediata. Outras crianças repetem frases ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes (ecolalia tardia).
É comum que crianças com autismo e inteligência normal repitam frases ouvidas anteriormente e de forma perfeitamente adequada ao contexto, embora, geralmente nestes casos, o tom de voz soe estranho e pedante.
2. Desvios qualitativos na sociabilização
São o ponto crucial no autismo e o mais fácil de gerar falsas interpretações. Significam a dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas.
Muitas vezes a criança que tem autismo aparenta ser muito afetiva, por aproximar-se das pessoas abraçando-as e mexendo, por exemplo, em seu cabelo ou mesmo beijando-as quando na verdade ela adota indiscriminadamente esta postura, sem diferenciar pessoas, lugares ou momentos. Segundo Mirenda, Donnellan & Yoder (1983), “os distúrbios na interação social dos autistas podem ser observados desde o início da vida. Com autistas típicos, o contato ‘olho a olho’ já se apresenta anormal antes do final do primeiro ano de vida”. Muitas crianças olham de canto de olho ou muito brevemente. Um grande número de crianças não demonstra postura antecipatória ao serem pegos pelos seus pais, podendo resistir ao toque ou ao abraço. Dificuldades em se moldar ao corpo dos pais, quando no colo, são observadas precocemente. Crianças que, posteriormente, receberam o diagnóstico de autismo, demonstravam falta de iniciativa, de curiosidade ou comportamento exploratório, quando bebês.
Freqüentemente, os pais de autistas descrevem seus bebês como “felizes quando deixados sozinhos”, “como se estivessem dentro de uma concha”, “sempre em seu próprio mundo”. Os autistas têm um estilo “instrumental” de se relacionar, utilizando-se dos pais para conseguirem o que desejam. Um exemplo de modo instrumental de relacionamento ocorre quando a criança autista pega a mão da mãe e a utiliza para abrir uma porta em vez de abri-la com sua própria mão.
3. Desvios qualitativos na imaginação
Caracterizam-se por rigidez e inflexibilidade e se estendem às várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento da pessoa. Podem ser exemplificadas por comportamentos obsessivos e ritualísticos, compreensões literais da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos.
Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovida de criatividade e pela exploração peculiar de objetos e brinquedos. Usualmente, crianças autistas demonstram sérios problemas na compreensão e utilização da mímica, gestualidade e fala. Desde o início, os jogos de “faz-de-conta” e imitação social, amplamente observados nas crianças com desenvolvimento normal, são falhos ou inexistentes. Uma criança que tem autismo pode passar horas a fio explorando a textura de um brinquedo, e costumam ser fascinadas por objetos ou elementos inusitados para uma criança, como zíperes ou cabelos. Em crianças que têm autismo e têm inteligência preservada, pode-se perceber a fixação em determinados assuntos, na maioria dos casos incomuns em crianças da mesma idade, como calendários ou animais pré-históricos, o que é confundido às vezes com nível de inteligência superior.
As mudanças de rotina, como de casa, dos móveis, ou até mesmo de percurso, costumam perturbar bastante algumas dessas crianças. Apesar dessa resistência, os autistas
mantêm rotinas e rituais próprios. É comum insistirem em determinados movimentos, como abanar as mãos e rodopiar (movimentos estereotipados). Algumas preferem brincadeiras de ordenamento, alinhando objetos, por exemplo. Podem apresentar preocupação exagerada com temas restritos, como horários fixos de determinadas atividades ou compromissos, sendo que se cogita que os movimentos estereotipados estejam muito ligados a esta última característica, pois costumam ocorrer em horários fixos do dia.

3. Espectro do Autismo
O autismo não é visto como um continuum que vai do grau leve ao severo. Existe uma grande associação entre autismo e retardo mental, desde o leve até o severo, sendo que se considera que a gravidade do retardo mental não está necessariamente associada à gravidade do autismo.
Segundo Goodman & Scott (1997), um terço dos autistas com retardo mental sofrem crises convulsivas, que começam a se manifestar dos 11 aos 14 anos. A hiperatividade é freqüente, mas pode desaparecer na adolescência e ser substituída pela inércia. A irritabilidade também é comum e costuma ser desencadeada pela dificuldade de expressão ou pela interferência nos rituais e rotinas próprias do indivíduo. O autista também pode desenvolver medos intensos que desencadeiem fobias.
Cerca de 10% dos autistas perdem habilidades de linguagem e intelectuais na adolescência. O declínio não é progressivo, mas a capacidade intelectual perdida geralmente não é recuperada. Na vida adulta, quase 10% dos autistas trabalham e são capazes de ter uma vida independente.
A palavra autismo atualmente pode ser associada a diversas síndromes. Os sintomas variam amplamente, o que explica por que atualmente refere-se ao autismo como um espectro de transtornos. Dentro deste espectro encontramos sempre a tríade de comprometimentos que confere uma característica comum a todos eles. Alguns são diagnosticados simplesmente como autismo, traços autísticos, etc, ou Síndrome de Asperger (considerado por muitos como o autismo de alto desempenho). Além destes, existem diversas síndromes identificáveis geneticamente ou que apresentam quadros diagnósticos característicos, que também estão englobadas no Espectro do Autismo.

4. Síndrome de Asperger
Apesar de ter sido descrita por Hans Asperger em 1944, apenas em 1994 a Síndrome de Asperger foi incluída no DSM-IV com critérios para diagnóstico.
Algumas das características peculiares mais frequentemente apresentadas pelos portadores da Síndrome de Asperger são:
- Atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes do cinco anos e geralmente com:
  • Dificuldades na linguagem,
  • Linguagem pedante e rebuscada,
  • Ecolalia ou repetição de palavras ou frases ouvidas de outros,
  • Voz pouco emotiva e sem entonação.
- Interesses restritos: escolhem um assunto de interesse, que pode ser seu único interesse por muito tempo. Costumam apegar-se a mais às questões factuais do que ao significado. Casos comuns são interesse exacerbado por coleções (dinossauros, carros, etc.) e cálculos. A atenção ao assunto escolhido existe em detrimento a assuntos sociais ou cotidianos;
- Presença de habilidades incomuns como cálculos de calendário, memorização de grandes seqüências como mapas de cidades, cálculos matemáticos complexos, ouvido musical absoluto etc;
- Interpretação literal, incapacidade para interpretar mentiras, metáforas, ironias, frases com duplo sentido, etc;
- Dificuldades no uso do olhar, expressões faciais, gestos e movimentos corporais como comunicação não verbal;
- Pensamento concreto;
- Dificuldade para entender e expressar emoções;
- Falta de autocensura: costumam falar tudo o que pensam;
- Apego a rotinas e rituais, dificuldade de adaptação a mudanças e fixação em assuntos específicos;
- Atraso no desenvolvimento motor e freqüentes dificuldades na coordenação motora tanto grossa como fina, inclusive na escrita;
- Hipersensibilidade sensorial: sensibilidade exacerbada a determinados ruídos, fascinação por objetos luminosos e com música, atração por determinadas texturas etc;
- Comportamentos estranhos de auto-estimulação;
- Dificuldades em generalizar o aprendizado;
- Dificuldades na organização e planejamento da execução de tarefas.
Na Sídrome de Asperger, algumas coisas são aprendidas na idade “própria”, outras cedo demais, enquanto outras somente serão entendidas muito mais tarde ou somente quando ensinadas.
Alguns pesquisadores acreditam que Síndrome de Asperger seja a mesma coisa que autismo de alto funcionamento, isto é, com inteligência preservada. Outros acreditam que no autismo de alto funcionamento há atraso na aquisição da fala, e na Síndrome de Asperger, não.
Muitas pessoas acreditam que a importância da diferenciação entre Síndrome de Asperger e Autismo de Alto Funcionamento seja mais de cunho jurídico do que propriamente para escolhas relacionadas ao tratamento.
Por um lado, parece menos grave dizer que alguém é portador de Síndrome de Asperger parece do que ser portador de autismo, mesmo que de alto funcionamento – embora isto seja provavelmente uma ilusão. Por outro lado, associações de autismo em todo o mundo alegam que esta divisão em duas patologias diferentes enfraquece um movimento que necessita de tanto apoio como o dos que trabalham pelo autismo.

5.Diagnóstico
Os pais e cuidadores são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com autismo. O bebê desde o nascimento pode mostrar-se indiferente à estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção prolongadamente por determinados itens. Por outro lado certas crianças apresentam um desenvolvimento normal nos primeiros meses para repentinamente transformar o comportamento em isolado. Contudo, podem-se passar anos antes que a família perceba que há algo errado. Nessas ocasiões os parentes e amigos muitas vezes reforçam a idéia de que não há nada errado, dizendo que cada criança tem seu próprio jeito. Infelizmente isso atrasa o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o tratamento, melhor é o resultado.
Não há testes laboratoriais ou de imagem que, sozinhos, possam diagnosticar o autismo. Assim o diagnóstico deve feito clinicamente, pela entrevista e histórico do paciente, sempre sendo diferenciado de surdez, problemas neurológicos e retardo mental. Uma vez feito o diagnóstico acriança deve ser encaminhada para um profissional especializado em autismo, que se encarregará de confirmar ou negar o diagnóstico. Apesar do diagnóstico do autismo não poder ser confirmado por exames as doenças que se assemelham ao autismo podem. Assim vários testes e exames podem ser realizados com a finalidade de descartar os outros diagnósticos.
Dentre vários critérios de diagnóstico, três não podem faltar: poucas ou limitadas manifestações sociais, habilidades de comunicação não desenvolvidas, comportamentos, interesses e atividades repetitivos. Esses sintomas devem aparecer antes dos três anos de idade.
Não se conseguiu provar qualquer causa psicológica na etiologia do autismo. O que não significa que o meio seja ambiente inócuo. O prognóstico e o desenvolvimento da capacidade plena dessas crianças são influenciados pela forma como vivem (os cuidados que recebem e a estrutura da rede de apoio). A causa principal pode estar relacionada a alterações biológicas, sejam hereditárias, ocorridas na gestação e/ou parto. Possivelmente, dessas alterações decorrem os erros no funcionamento cerebral. Entretanto, uma definição exata ainda não é possível.
Podem apresentar, ainda, comportamento estranho e retraído; uma maneira inadequada de brincar; com ausência da reação de surpresa; interesses específicos com persistência em girar objetos e habilidades especiais (hiperlexia ou ouvido absoluto, por exemplo); fascinação por água; crises de choro e angústia sem razões explicáveis; risos e gargalhadas fora do contexto e um retardo no desenvolvimento das habilidades motoras.
Essas ocorrências servem como advertência para a necessidade de uma visão diferenciada pelos pais, educadores e médicos.


Visando a uniformização do diagnóstico foram criadas diferentes escalas, além das definições mundialmente seguidas contidas na Classificação Internacional das Doenças. 10ª. Edição (CID 10) e no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. 4ª. Edição. (DSM-IV).
As investigações laboratoriais que devem ser realizadas visando o diagnóstico diferencial e o diagnóstico de possíveis comorbidades associadas inclui os seguintes exames:
  • Sorologias
  • ECG
  • Avaliação oftalmológica
  • Neuropsicológico
  • Pesquisa do X frágil/ Cariótipo
  • RNM
  • EEG
  • Erros inatos do metabolismo /teste do pezinho
  • Avaliação audiológica.

6. Causas
A medicina aponta como causas do autismo um conjunto razoavelmente bem demarcado de possibilidades. São elas:
- Fenilcetonúria não tratada;
- Viroses durante a gestação, principalmente durante os três primeiros meses;
- Toxoplasmose;
- Rubéola;
- Anoxia e traumatismos no parto;
- Patrimônio genético.
Certamente, para a maioria das crianças autistas sem uma disfunção correlata, as causas ligadas a fatores genéticos são as mais prováveis. Estudos com gêmeos sugerem que a hereditariedade está intimamente ligada ao transtorno e que a origem esteja em uma combinação de genes, e não em um único gene isolado.
Nos casos de autismo associado a retardo mental profundo e severo, as causas podem estar mais ligadas a danos cerebrais do que a fatores genéticos.
Não há evidências de que problemas psicossociais ou eventos traumáticos na infância influenciem o surgimento do transtorno. Há duas teorias psicológicas acerca do surgimento. A primeira sugere que o problema original está na incapacidade do autista perceber que há diferenças entre seu estado mental e o dos outros. A outra hipótese diz respeito à função executiva do indivíduo, que geraria dificuldades de planejamento e organização.

7. Incidência
Incidência do autismo varia de acordo com o critério utilizado por cada autor. Bryson e Col., em seu estudo conduzido no Canadá em 1988, chegaram a uma estimativa de 1:1000, isto é, em cada mil crianças nascidas uma teria autismo. Segundo a mesma fonte, o autismo seria duas vezes e meia mais freqüente em pessoas do sexo masculino do que em pessoas do sexo feminino.
Segundo informações da ASA – Autism Society of América, a incidência seria de 1:500, ou 2 casos a cada 1000 nascimentos. De acordo com o órgão norte-americano Center of Disease Control and Prevention (CDC), o autismo afetaria de 2 até 6 pessoas em cada 1000, isto é, poderia afetar até 1 pessoa em cada 166. O autismo seria quatro vezes mais freqüente em pessoas do sexo masculino.
O autismo incide igualmente em famílias de diferentes raças, credos ou classes sociais.

8. Tratamento
O tratamento mais adequado para crianças autistas inclui escolas especializadas e apoio dos pais. Elas geralmente se desenvolvem melhor em instituições educacionais bem estruturadas, em que professores têm experiência com autismo. Programas comportamentais podem reduzir a irritabilidade, os acessos de agressividade, os medos e os rituais, assim como promover um desenvolvimento mais apropriado.
Medicamentos que agem sobre o psiquismo não controlam os principais sintomas do autismo, mas podem atenuar os sintomas associados. Estimulantes são capazes de reduzir a hiperatividade, mas geralmente aumentam de forma intolerável os atos repetitivos. Doses baixas de neurolépticos costumam reduzir a agitação e as repetições e em dosagens mais altas podem reduzir a hiperatividade, a retração e a instabilidade emocional. No entanto, é preciso verificar se o benefício é superior aos problemas causados pelos efeitos colaterais dessas drogas.

9. Educação especial para o autista:
A educação do autista é dificultada pela dificuldade de sociabilização, que faz com que o autista tenha uma consciência pobre da outra pessoa e é responsável, em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que uns dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado, e também pela dificuldade de se colocar no lugar de outro e de compreender os fatos a partir da perspectiva do outro.
Pesquisas mostraram que mesmo nos primeiros dias de vida um bebê típico prefere olhar para rostos do que para objetos. Através das informações obtidas pela observação do rosto dos pais, o bebê aprende e encontra motivação para aprender. Já o bebê com autismo dirige sua atenção indistintamente para pessoas e para objetos, e sua falha em perceber pessoas faz com que perca oportunidades de aprendizado, refletindo em um atraso do desenvolvimento.
Os pais e os profissionais estão bem cientes das dificuldades que as crianças com autismo têm em muitos ambientes educacionais. Em resposta têm desenvolvido programas alternativos e estratégias de intervenção. Embora alguns destes sejam úteis, a maioria enfatiza a correção das dificuldades comportamentais para melhorar o rendimento educacional. Entretanto, um outro aspecto do problema tem recebido menos atenção: as necessidades específicas de aprendizagem desta população especial. As necessidades envolvidas incluem dificuldades organizacionais, distração, problemas em seqüenciar, falta de habilidade em generalizar, e padrões irregulares de pontos fortes e pontos fracos. Embora nenhum destes se aplique à população inteira dos alunos com autismo, estes problemas de aprendizagem são vistos em um grau significativo em uma porcentagem grande destes alunos.
A organização é difícil para alunos com autismo. Requer uma compreensão do se quer fazer e um plano para a execução. Estas exigências são suficientemente complexas, inter-relacionadas e abstratas para apresentar obstáculos incríveis para alunos com autismo. Quando fica cara a cara com demandas organizacionais complexas, eles ficam freqüentemente imobilizados e muitas vezes nunca não são capazes de executar as tarefas pedidas.
O desenvolvimento de hábitos sistemáticos e rotinas de trabalho tem sido uma estratégia eficaz para minimizar estas dificuldades organizacionais. Os alunos com rotinas de trabalho estabelecidas da esquerda para a direita, de cima para baixo, não param de trabalhar para planejar onde começar e como prosseguir. As dificuldades organizacionais são minimizadas também com as listas de verificação, programações e instruções visuais mostrando concretamente aos alunos autistas o que foi completado, o que precisa ser terminado e como prosseguir.
A distração é outro problema comum dos alunos com autismo. Ela toma diversas formas na sala de aula: reagindo aos ruídos externos de carro, acompanhando visualmente os movimentos na sala de aula, ou “estudando” o lápis do professor na mesa ao invés de terminar o trabalho pedido. Embora a maioria de alunos autistas seja distraída por alguma coisa específica, as distrações divergem consideravelmente de uma criança para outra.
A identificação do que distrai cada aluno é o primeiro passo para ajudá-los. Para alguns podem ser estímulos visuais, enquanto para outros podem ser auditivos. As distrações podem estar respondendo a ruídos externos ou a movimentos visuais como também podem não se concentrar em aspectos centrais de tarefas pedidas. As avaliações cuidadosas das distrações individuais são cruciais. Depois destas avaliações as modificações ambientais podem ser feitas: podem envolver a disposição física da área de trabalho do aluno, a apresentação de tarefas relacionadas ao trabalho, ou muitas outras possibilidades.
A seqüenciação é outra área de dificuldade. Estes alunos freqüentemente não podem se lembram da ordem precisa das tarefas, porque se atém de forma concreta a detalhes específicos e nem sempre vêem relação entre elas. Porque as seqüências implicam nestas relações, são freqüentemente desconsideradas.
As rotinas consistentes de trabalho e as instruções visuais compensam essas dificuldades. As instruções visuais podem destacar seqüências de eventos e fazer com que os alunos autistas se lembrem da ordem adequada a seguir. A figura visual permanece atual e concreta, ajudando o aluno seguir a seqüência desejada. O estabelecimento de hábitos sistemáticos de trabalho é também útil; um aluno que trabalhe sempre da esquerda para a direita pode ter o trabalho apresentado na seqüência correta.
As dificuldades com generalização são bem conhecidas no autismo e têm implicações importantes para práticas educacionais. Os alunos com autismo freqüentemente não podem aplicar o que aprenderam em uma situação específica a ambientes/contextos semelhantes. A generalização adequada requer uma compreensão dos princípios fundamentais nas seqüências aprendidas e nas maneiras sutis pelas quais elas são aplicáveis a outras situações. Atendo-se a detalhes específicos, os alunos com autismo freqüentemente perdem esses princípios centrais e suas aplicações.
A colaboração entre os pais e profissionais e a instrução de base comunitária são maneiras importantes para melhorar a generalização nos alunos com autismo. Quanto maior for o empenho pela coordenação entre a casa e a escola, maior a probabilidade dos alunos aplicarem o que aprenderam a situações/contextos/ambientes diferentes. O uso de abordagens semelhantes e a ênfase em habilidades semelhantes são as maneiras pelas quais os pais e os profissionais podem colaborar para melhorar as habilidades da generalização das habilidades de seus alunos.
Um ensino de base comunitária é também importante para melhorar as habilidades de generalização. Porque o objetivo final é um treinamento bem sucedido de base comunitária, as atividades devem estar disponíveis em todos os programas educacionais. Isto deveria incluir passeios regulares ao campo real de atuação com uma freqüência crescente à medida que os alunos ficam mais velhos, oferecer oportunidades de trabalhos na comunidade em contextos “reais”, e atividades de lazer na comunidade.
Dentre os modelos educacionais para o autista, um dos mais importantes é o método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children, em português, Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens na Comunicação), desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte e que tem como postulados básicos de sua filosofia:
  • propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades e a faixa etária do paciente;
  • funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática);
  • independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior autonomia possível);
  • integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objetivos a serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adotadas devem ser uniformes.
Dentro desse modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual, onde é definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado parte de objetos concretos e passa gradativamente para modelos representacionais e simbólicos, de acordo com as possibilidades do paciente.

10. O papel do professor
A escola oferece um ambiente propício para a avaliação emocional das crianças e adolescentes por ser um espaço social relativamente fechado, intermediário entre a família e a sociedade. É na escola onde a performance dos alunos pode ser avaliada e onde eles podem ser comparados estatisticamente com seus pares, com seu grupo etário e social.
Dentro da sala de aula há situações psíquicas significativas, nas quais os professores podem atuar tanto beneficamente quanto, consciente ou inconscientemente, agravando condições emocionais problemáticas dos alunos. Por exemplo, as crianças autistas não compreendem como se estabelecem as relações de amizade. Algumas não têm amigos, enquanto outras pensam que todos em sua sala de aula são seus amigos. Os alunos podem trazer consigo um conjunto de situações emocionais intrínsecas ou extrínsecas, ou seja, podem trazer para escola alguns problemas de sua própria constituição emocional (ou personalidade) e, extrinsecamente, podem apresentar as conseqüências emocionais de suas vivências sociais e familiares.
Os perfis irregulares das habilidades e dos déficits são características bem documentadas nos alunos com autismo. Também estão entre os mais difíceis para se desenvolver programas específicos. Um aluno autista pode ter a habilidade extraordinária de estabelecer relações espaciais ou de entender conceitos numéricos, mas ser incapaz de usar estes pontos fortes por causa das limitações organizacionais e de comunicação. São necessários professores com habilidade e com experiência, em ensinar na presença destes pontos fortes e fracos tão singulares.
Ensinar alunos com esta ampla gama de habilidades requer avaliações completas de todos os aspectos de seu funcionamento. Isto não pode se restringir às habilidades acadêmicas, mas deve também incluir os estilos de aprendizagem, distratibilidade, funcionamento em situações de grupo, em habilidades independentes, e em tudo mais que possa ter impacto sobre a situação de aprendizagem. Os estilos de aprendizagem são especialmente importantes para o processo da avaliação porque são essenciais para liberar o potencial de aprendizagem.
Como cada criança com autismo processa a informação e quais são as melhores estratégias de ensino devido à singularidade de seus pontos fortes, interesses e habilidades em potencial? Um professor hábil pode abrir a porta para várias oportunidades. Os adultos com o autismo que trabalham em bibliotecas, com computadores, em restaurantes, e muitos outros ambientes; são evidências de que, se tiverem instrução adequada, podem se tornar adultos produtivos. Porém, um número excessivo de programas de educação não reconhece os pontos fortes e déficits singulares deste grupo enigmático de aprendizes.
A principal possibilidade para uma melhoria constante é uma maior consideração das suas singularidades e mais treinamento para profissionais para ajudá-los a entender seus estilos de aprendizagem.

11. Conclusão
Este transtorno é, por excelência, a enfermidade do contato e da comunicação. Portanto, para ajudar pessoas com autismo a funcionar mais adaptativamente em nossa cultura, é necessário conceber programas tendo como base os pontos fortes e déficits fundamentais do autismo que afetam o aprendizado e as interações no dia a dia.
Esta abordagem do autismo é relativa a, mas diferente de identificar déficits com objetivos diagnósticos. As características diagnósticas do autismo, tais como déficits na área social e problemas de comunicação, são úteis para distinguir o autismo de outras deficiências, mas são relativamente imprecisos para a conceituação de como um indivíduo com autismo entende o mundo, age com base nesta compreensão, e aprende.
O trabalho como educador e de pessoas com autismo é fundamentalmente o de ver o mundo através de seus olhos, e usar esta perspectiva para ensiná-los a funcionar inseridos em nossa cultura de forma o mais independente possível. Enquanto não se puderem curar os déficits cognitivos subjacentes ao autismo, é pelo seu entendimento que é possível planejar programas educacionais efetivos na função de vencer o desafio deste transtorno do desenvolvimento tão singular que é o autismo.

12. Referências
AMA, Associação de Amigos do Autista, Internet
Ballone, G. J. Autismo Infantil, in. PsiqWeb
Goodman, R., Scott, S. Child Psychiatry. Blacwell Science, 1997
Henriques, S. Autismo, in Neurociências.Home,
Lebovici, S., Kestemberg, E. A Evolução da Psicose Infantil. Porto Alegre. Artes Médicas, 1995.
Mirenda, P., Donnellan, A. M., Yoder, D. E. (1983) Gaze behavior: A new look at an old problem. Journal of Autism and Developmental Disorders, 13, 297-309.
Mazet, P., Lebovici, S.. Autismo e psicoses da criança. Porto Alegre: Artes Médicas. 1991.

MONOGRAFIA: A INCLUSÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA


A Inclusão Do Portador De Deficiência

Resumo
O presente trabalho tem como objetivo mostrar que a inclusão é algo que pode acontecer verdadeiramente, basta pensarmos nas necessidades do portador de deficiência e enxergá-los como seres humanos, como qualquer cidadão, com suas dificuldades sim, mas também com suas capacidades e que eles tem direito a educação e viver na sociedade, freqüentando escolas como qualquer outra criança. Aceitar um portador de deficiência é aceitar também suas diferenças e limitações.
Para que isto ocorra é necessário ter uma resposta organizada para as suas necessidades educativas sendo competência da escola.
Primeiramente falou-se em integração do portador de necessidades especiais, porém percebeu-se na verdade que integrar era apenas colocar a pessoa na sociedade sem dar a elas condições para que de fato pudesse atuar na sociedade.
Já o termo inclusão como a própria palavra diz incluir estes deficientes e como Werneck (1997), traduz inclusão como uma forma de humanizar caminhos ou seja traçar caminhos fáceis e possíveis que levem de fato à inclusão.
Hoje a Lei de Diretrizes e Bases da Educação garante o direito dessas crianças com atendimento preferencialmente na rede regular de ensino, com respeito e suas habilidades e individualidades, cabendo ao professor buscar esses caminhos que levem ao desenvolvimento do portador de necessidades especiais.
Palavras chave: inclusão, sociedade, professor.
Sumário
Introdução
1. Exclusão dos Portadores de Deficiência
1.1 De Integração à Inclusão
2. A Exclusão Social Fundamentada nos Direitos Humanos e na Constituição Federal
2.1 A Inclusão no Âmbito Escolar Baseada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 e no Estatuto da criação e do Adolescente
3. A Política da Inclusão
3.1 O Papel do Professor
Conclusão
Referências Bibliográficas
Introdução
Por acreditar que a inclusão não significa apenas colocar um aluno deficiente na sociedade, na escola, mas sim dar-lhes suportes, condições para que se desenvolvam e aprendam como qualquer outra criança, deu início a este trabalho.
O primeiro capítulo aborda a questão da exclusão desses deficientes, pois não podemos falar de inclusão sem analisarmos o porque dessa exclusão, do preconceito, das diferenças e até mesmo dos tipos de sentimentos gerados pelas pessoas que os repudiam e o olhar do deficiente perante esses sentimentos.
Neste mesmo capítulo abordei também os conceitos de integração e inclusão de acordo com o princípio de normalização e suas diferenças.
Entender as necessidades dos portadores de deficiência é o primeiro passo a se chegar a devida inclusão. Embora existam barreiras para que ela aconteça é preciso estar preparados.
O segundo capítulo trata da inclusão social fundamentada nos Direitos Humanos na a Constituição Federal, onde a educação é assegurada como direito e dever do estado, juntamente com a sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, dando qualificação para o trabalho, e inclusão escolar baseada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Através destas leis busco enfocar os paradigmas que fundamentam as leis e conseqüentemente a proposta da educação inclusiva, delineando eixos fundamentais do modelo inclusivo e melhor compreender o processo da inclusão e quais caminhos a serem seguidos para que de fato esta tão sonhada inclusão venha fazer parte da realidade.
1. Exclusão Dos Portadores De Deficiência
Segundo a Bíblia todos os homens foram criados iguais a imagem e semelhança de Deus, porém não é isso que a humanidade tem demonstrado , pelo contrário o mais forte e mais capazes de lidar com o meio sobrevivem, enquanto os mais fracos perecem.
A própria religião, com toda sua forca cultural, ao colocar o homem como imagem e semelhança de Deus, ser perfeito inculcava a idéia da condição humana como incluindo perfeição física e mental e não sendo parecidos com Deus, os portadores de deficiência eram colocados postos a margem da condição humana. (MAZZOTTA, 1982 p 3)
Segundo a autora Glat (1998), esta diferença acaba sendo um processo de seleção.
Mesmo que hoje o mundo civilizado ou que se diz civilizado as pessoas com deficiência já não mais pereçam e nem sejam sacrificadas, podemos dizer que socialmente ainda são exterminadas.
Exterminadas no sentido de serem excluídas do meio social por não estarem dentro dos padrões exigidos pela sociedade.
Apesar de excluídos das responsabilidades sociais, são também excluídas dos privilégios oferecidas por ela.
A autora afirma que este processo de seleção natural com o passar dos tempos tomou uma nova forma, passando de natural física para natural social, ou seja, formou-se um enorme contingente de indivíduos que conseguem sobreviver fisicamente, mas que por não terem condições físicas de lidar independentemente com o meio não sobreviveriam socialmente.
No entanto, existem milhares de profissionais trabalhando para a reabilitação e no desenvolvimento dessas pessoas portadoras de deficiência, para que as mesmas possam ter condições de lidar com o seu meio, visando sua inclusão na sociedade.
Para se discutir a questão da inclusão do portador de deficiência é preciso ter em mente que eles se constituem como uma categoria socialmente construída de desvio. Sendo igual aos problemas enfrentados por outros grupos de pessoas marginalizadas como os negros, ex-presidiários, homossexuais entre outros que por uma razão ou outra são afastados fisicamente ou moralmente do convívio social, deixando de usufruídas oportunidades abertas às pessoas consideradas normais.
Enquanto os desviantes podem, por diversos mecanismos tentar se conformar com as normas sociais, os deficientes por suas características próprias representam na maioria dos casos uma violação crônica do padrão humano da normalidade, independente da cultura, não restringindo apenas seu comportamento bizarro ou não produtivo, o deficiente viola a própria norma física do que é um ser humano, contrariando a representação ou imagem corporal do homem.
Por isto os indivíduos que por alguma razão não conseguem adaptarem-se às normas ou valores da cultura vigente em sua comunidade não sobrevivem a seleção social e são consideradas os anormais e isolados, marginalizados e rotulados os não capazes.
O que a autora retrata primeiramente é a deficiência como condição de incapacidade, não apenas por suas limitações, mas também pelas limitações sociais que ela acarreta.“A sociedade é quem rotula e conseqüentemente trata diferencialmente os indivíduos que as possuem.” (Glat, 1998)
Portanto, não podemos falar de inclusão desses deficientes sem analisarmos o tipo de relação que as pessoas de um modo geral estabelecem com eles e os fatores psicológicos que influenciam nessa relação.
Existem, no entanto, alguns tipos de sentimentos que os deficientes provocam. Uma delas é de como o diferente perturba a sociedade por não sabermos como lidar com eles e o que esperar deles, por este motivo e até por medo, acabamos nos afastando.
O isolamento e segregação dos deficientes do resto da sociedade que tem sido regras em todas as culturas, fazendo com que a maioria das pessoas de fato tenha pouca oportunidade de interagir com deficientes e vice-versa.
O contato com estes indivíduos se restringe muitas vezes a seus familiares, com profissionais que trabalham com eles (quando há oportunidades) e com outras pessoas com o mesmo tipo de deficiência, não tendo incentivo para assumir outra postura. Quando expostos as situações sociais acabam agindo de maneira inalterada reforçando mais ainda as representações preconceituosa sobre sua pessoa, justificando assim tal segregação.
Cabe ressaltar a dificuldade que os próprios deficientes tem em relação a sua deficiência em compreendê-las.
A maioria dos pais que precisam lidar com uma criança deficiente enfrenta duas crises: A primeira crise é a morte simbólica da criança que deveria ter nascido, e que não nasceu,pois este filho perfeito que é projetado na barriga da mãe não existe. Ao serem encaminhados ao consultório pediátrico para ouvirem que seu filho é um deficiente acontece então a primeira crise de não aceitação.
O outro fator enfrentado por eles é o sentimento de pena que as pessoas demonstram ao lidar com estes. Ao deparar com um portador de necessidades especiais temos esse tipo de sentimento, pois afinal eles não são culpados de terem nascido ou ficado assim.
De acordo com a autora Glat (1998), este sentimento acarreta outros sentimentos não tão nobres. Porque ao ver o outro nos comparamos com ele e começamos a pensar e dar graças a Deus de não ser assim ou de não ter tido um filho nessas condições. Este tipo de pensamento contraria a nossa formação moral, começamos a nos sentir culpados por estarmos satisfeitos de que a bomba caiu na casa do vizinho e não na nossa casa.
Muitas pessoas evitam contato com os deficientes com medo de contaminação, é claro que hoje em dia apenas os mais ignorantes acreditam que a deficiência pega. Entretanto este contágio pode se dar em termos comportamentais. Muitos pais desaprovam a inclusão de crianças deficientes na classe de seus filhos, porque podem imitar o seu comportamento e regredirem em seu desenvolvimento, ocorrendo o preconceito. Este é um dos aspectos que impede a total inclusão dos alunos portadores de deficiência no âmbito escolar.
As diferenças assustam e incomodam a sociedade como se ela pudesse ser transmitida. É esta falta de informação que tira deles o direito como pessoas, o direito como cidadão. São atos como estes que acarretam a devida exclusão dessas pessoas, colocando-as a margem da sociedade e sem direito a freqüentar escolas comuns.
Dessa forma é preciso rever todos esses conceitos tentando modificá-los para que realmente possamos falar em incluí-los à sociedade, pois não basta incluí-los apenas é preciso aceitá-los da maneira que são com toda sua diferenças e dificuldades lutando para estes possam ter as mesmas oportunidades que os demais dentro da sociedade, pois muitas vezes estes seres humanos são tão capazes ou mais do que aqueles ditos normais.
1.1- De integração à inclusão
A imprecisão conceitual sobre integração e inclusão, às vezes empregadas com o mesmo significado, às vezes colocadas em oposição ou superação da integração pela inclusão. Dentre outras conseqüências, tal definição contribui para uma visão entre defensores da integração e da inclusão, como se o próprio sentido de educação já não fosse a busca de integração ou inclusão social. Mais ainda, como salienta Glat (1997), a integração não pode ser vista simplesmente como um problema de políticas educacionais ou de modificações pedagógica – curriculares na Educação Especial. “Integração e um processo subjetivo e inter- relacional”.(Glat 1997, p 199)
Segundo Sassaki (1997), a integração e a inclusão são dois processos muito importantes na busca de uma sociedade inclusiva. Princípio este que leva implícito o conceito de normalidade, destacando que a normalidade é um conceito relativo sujeito a critérios de tipo estatístico.
O que hoje é normal pode não ter sido ontem e não sabemos como será amanhã. O que aqui é normal pode ser anormal em outro lugar ou vice-versa. De tal maneira que o normal não se encontram dentro da pessoa, mas fora dela é aquilo que os outros percebem nas pessoas.(SASSAKI, 1997, p 43)
Normalizar uma pessoa não significa torná-la normal, mas sim dar a ela o direito de ser diferente e de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. É aceitá-los tal com são, oferecendo os serviços pertinentes para que os mesmos possam desenvolver suas potencialidades e viver uma vida tão normal quanto possível.
É preciso que estas pessoas vivam com independência e liberdade.
… Ter oportunidades para tomar decisões que afetam a própria vida, realizar atividades de própria escolha. Vida independente tem a ver com a auto- determinação. É com direto e a oportunidade para seguir um determinado caminho. E significa ter a liberdade de falhar e aprender das próprias falhas, tal qual pessoas não deficientes. (SASSAKI,1997, pg 32)
Conforme o autor o estilo de vida independente é fundamental para que aconteça a inclusão do indivíduo na sociedade e para que aconteça tal normalização, ou seja ele terá vida independente exercendo a cidadania, sendo ele ativo e atuando como cidadão.
Cabe ressaltar que a integração, no entanto, ocorre automaticamente quando o deficiente começa a freqüentar a sociedade e ela então se acostumaria com a presença dessa pessoa descobrindo que eles são pessoas com potencialidade iguais a qualquer um. É isto que se espera com a integração, mas o que na verdade não vem acontecendo.
Segundo Mantoan (1997), a integração dos deficientes como membros úteis e adaptados ao meio em que vivem parece ser um ponto crucial na consideração da problemática da excepcionalidade, no seu todo. Observando o modo pelo qual as instituições concebam e atuam face à deficiência, percebendo na grande contradição entre meta final do que se dedicam a causa a integração social em todos os níveis e os recursos utilizados a sua consecução.
Porém o fracasso da tal integração se deve em parte à própria falta de experiência dos deficientes, que mesmo inseridos na comunidade ainda não se tornaram pessoas mais interessantes ou seja interessadas na vida social e no convívio com outras pessoas.
De acordo com autora Glat (1998), integração/inclusão é como amor acontece ou não. Você não pode desenvolver um programa que faça com que duas pessoas se apaixonem uma pela outra. Você pode no máximo programar uma série de atitudes, comportamentos e situações que aumentem a probabilidade do amor acontecer.
Assim a integração tem como objetivo maior proporcionar ao indivíduo um ambiente menos restrito possível porque ninguém aprende quando não tem a liberdade e não se vê valorizado globalmente.
Observa-se na verdade que atualmente a integração tem sido apenas integrar a pessoa na sociedade sem dar a ela condições de estar atuando e se desenvolvendo.
Já a inclusão tem por objetivo incluir o deficiente ou um grupo que anteriormente foram excluídos da convivência com os demais ou seja segundo Werneck (1997) ”incluir é humanizar caminhos”.
O mais polêmico de todos os princípios da inclusão é ser ela incondicional. Este é um ponto que vem perturbando e desconcertando pais e profissionais da educação.
Enquanto se fala na integração de uma criança com deficiência leve e moderada na escola regular tudo bem, mas quando se trata de incluir um adolescente com comprometimentos múltiplos e severos, aí vem a desculpa de que este caso é um caso a parte, uma exceção.
Analisando esta maneira de pensar não existe a devida inclusão, pois a inclusão não admite exceções, não separa, não existe diferenças.
Desta forma a escola é a instituição que deve dar o começo de tudo, pois acredito que se ela não alterar seus princípios jamais teremos uma sociedade inclusiva. Cabe a escola dar o ponto de partida para que outras inclusões ocorram.
A inclusão, portanto, causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos como professores, alunos, pessoal administrativo e para que obtenham sucesso na corrente educativa geral e preciso que todos estejam envolvidos.
Para Mantoan (1997) a metáfora inclusão é a do caleidoscópio, ou seja, precisa de todas os pedaços para formar as figuras. Portanto assim é a criança que precisa de um ambiente variado, de ajuda de todos para que se desenvolva e consiga atuar dentro de uma sociedade sem limitações.
A autora Werneck (1997) destaca que: “Incluir não é favor, mas troca. Quem sai ganhando nesta troca são todos nós em igual medida. Conviver com as diferenças humanas é direito do pequeno cidadão, deficiente ou não..” (p.58)
Para ela incluir é uma forma de acabar com o preconceito, e isto, no entanto, pode ser começado nas escolas, cursos e universidades que formam professores, conscientes de que alunos deficientes são responsabilidades de todos os educadores e não apenas do profissional que se interessa por educação especial.
Para Werneck (1997), chegar a inclusão e um processo individual e, portanto para muitos solitário, pois todo processo de busca de conhecimento é solitário e doloroso. Mesmo quando duas pessoas tenham passado por situações idênticas e obtido informações sobre determinado assunto, jamais estaria no mesmo patamar de conhecimento ou se igualando.
Diante disto temos que mudar nossos conceitos, caso contrário, caminharemos com tartarugas em busca da tal inclusão.
Cabe a escola preparar a criança para a cidadania, isto inclui orientá-lo para valorizar a particularidade de seu povo.
Assim, se privarmos crianças normais de seus pares deficientes, estaremos tirando de todos a chance de trabalharem na construção de sua cidadania.
Para entendemos melhor o termo inclusão é necessário reatar os princípios deste termo e as leis que asseguram a inclusão.
Para Sassaki (1997), tanto a integração como a inclusão constituem formas de inserção. A parte da integração, principalmente nos anos sessenta e setenta estava baseada no modelo médico da deficiência, segundo qual tínhamos que modificar a (habilitar, reabilitar) a pessoa com deficiência para torná-la apta a satisfazer os padrões da sociedade, aceitos no meio social (familiar escolar, recreativo e ambiental).
Já a prática da inclusão consolidada nos anos 90, vem seguindo o modelo social da deficiência segundo a tarefa consistia em modificar a sociedade e não o deficiente para torná-los capazes de receber todas as pessoas que incluídas nela, poderão ter suas necessidades atendidas.
Na visão de Mantoan (1997), a noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando aplicada a escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos devem- se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos , sociais, filosóficos e outros.
Uma outra opção de inserção segundo a autora e a inclusão, que questiona as políticas e a organização da educação especial e regular. A noção da inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O vocabulário integração é abandonado uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos.
Portanto, quando empregamos a palavra inclusão estamos nos referindo a uma inserção total e incondicional. Por outro lado, quando usamos a palavra integração queremos dar a idéia de que a inserção é parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa.
A inclusão exige uma transformação da sociedade, da escola, pois defende a inserção no ensino regular de alunos com qualquer deficiência, exigindo mudanças no sistema educacional cabendo a escola, a sociedade adaptar-se às suas necessidades e não os alunos se adaptarem ao modelo exigido.
Para melhor clarificar este termo polêmico que e a inclusão é necessário conhecer um pouco mais da historia da educação especial, como tudo se iniciou e das leis que surgiram para assegurar uma educação inclusiva, suas controvérsias. Só assim então poderemos entender a palavra inclusão e sua ação.
2 – A Inclusão Social Fundamentada nos Direitos Humanos e na Constituição Federal
De acordo com Mazzotta (1996), a inclusão da educação de deficientes ou da educação especial na política educacional brasileira vem ocorrer no final dos anos cinqüenta e início da década de sessenta século XX.
Segundo o autor a evolução da educação especial no Brasil e destacado por dois períodos marcados pela natureza e abrangência das ações desencadeadas para a educação dos portadores de deficiência.
O primeiro período de 1954 a 1956, onde o atendimento escolar aos portadores de deficiência teve início com a primeira providencia concretizada por D. Pedro II, fundando no Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos Meninos Cegos.
Por volta de 1891 foi assinado outro decreto nº 1320 onde a escola passou denominar-se Instituto Benjamim Constant. Em 1857 D. Pedro fundou no Rio de Janeiro o Imperial Instituto dos Surdos- Mudos.
E importante ressaltar que desde o inicio a referida escola caracterizou-se por uma instituição educacional voltada para a educação literária e ensino profissionalizante, de meninos e meninas surdo – mudos com idade de sete a quatorze anos.
Ainda, segundo o autor, foram implantadas oficinas para aprendizagens de ofícios como tipografia, encadernação para os meninos cegos, tricô para as meninas e sapataria .
A instalação do Instituto Benjamim Constant e do Instituto Nacional de Surdos abriu possibilidades de discussão da educação dos portadores de deficiência, no primeiro congresso de instrução publica (1883), onde abordava a sugestão de currículo e formação de professores para cegos e surdos.
Portanto na primeira metade do século XX haviam quarenta estabelecimentos mantidos pelo poder publico e um federal.
No segundo período 1957 a 1993 o atendimento aos excepcionais foi assunto a nível nacional, assumido pelo governo onde foram criadas as campanhas especialmente voltadas ao atendimento dos mesmos.
O autor afirma que em 1960 foi instituída a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais a CADEME, onde sua finalidade era promover em todo o território nacional a educação, treinamento, reabilitação e assistência educacional das crianças portadoras de deficiência de qualquer idade ou sexo.
Também foi criado em 1973 o CENESP (Centro Nacional de Educação Especial), com a finalidade de promover em todo o território nacional a expansão e melhoria ao atendimento dos excepcionais.
Para Mazzotta (1996), buscou-se na historia da educação informações significativas sobre o atendimento educacional dos portadores de deficiência.
A luta para que os portadores de deficiência contem com as mesmas condições e oportunidades educacionais que o conjunto a população tem dentre outras referencias, a Declaração Universal dos Direitos do Homem na qual afirma: “todo homem tem direito a instrução”. (art. XXVI).
Durante a constituição de 1988, com objetivo de garantir direitos e deveres dos portadores de deficiência na constituição brasileira, houve mobilização de representações de associações de deficientes e de órgãos governamentais responsáveis pela implementação e políticas educacionais, de pais e portadores de deficiência e de pesquisadores e profissionais atuantes em educação especial.
Segundo Prietro (1997), a Constituição Federal de 1988 e a primeira dentre nossas constituições que inscreve de modo explicito o direito aos portadores de deficiência.
O dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de :
III- Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. (art.208)
A autora afirma que a luta da sociedade brasileira pela universalização do acesso a escola remonta a década, e a persistência de pautas essa reivindicação como prioridade garantiu, inclusive que o ultimo texto constitucional reafirmasse a educação como direitos de todos, definindo a quem cabe a responsabilidade por sua promoção e incentivo e estabelecesse seus fins.
De tal forma, a educação assim ficou assegurada:
A educação, direito de e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade , visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (CF 1988 Cap III, seção I, art 205).
Portanto assegurar oportunidades iguais, não significa garantir tratamento idênticos a todos, mais sim oferecer a cada pessoa meios para que eles desenvolva, tanto quanto possível, o máximo de suas potencialidades. Assim, para que o principio da igualdade de oportunidade se torne um fato (real), e indefensável que sejam oferecidas oportunidades educacionais diversificadas.
O verdadeiro significado da igualdade de oportunidades repousa mais na diversificação que na semelhança de programas escolares.(MAZZOTTA, 1982, p.34)
Além da educação outros direitos aos portadores de deficiência são contemplados destacando-se: a igualdade de direitos no trabalho, assistência social especial, adaptações materiais, físicas e sociais, visando proporcionar a eles condições adequadas de acesso aos bens sociais e locomoção o mais independente possível alem do direito ao ensino especializado.
Na visão de Mazzotta (1996, p. 15):

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A defesa da cidadania e do direito a educação de pessoas portadoras de deficiência e atitude muito recente em nossa sociedade, manifestando-se através de medidas isoladas de indivíduos ou grupos. A conquista e o reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiência podem ser identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados deste século.
Cabe ainda ressaltar que a Constituição Federal de 1946 estabeleceu a obrigatoriedade de criação em cada sistema de ensino de serviços de assistência educacional que assegurassem aos alunos necessitados condições de eficiência escola (art 172)
Embora não deixando claro o sentido de necessitado, nem a que assistência se refere pode-se dizer que já havia preocupação com a diferença naquela época.
De acordo com Prietro (1997), após 1946, a emenda Constitucional em seu artigo 175, parágrafo 4º, estabelecia que: “A Lei disporá sobre assistência a maternidade a infância e a adolescência e sobre a educação de excepcionais.“
Portanto e na emenda constitucional 12 de dezessete de outubro de 1958, que aparece pela primeira vez garantia da educação especial em artigo único. “E assegurado aos deficientes a melhoria de sua condição social e economia, especialmente mediante: Educação especial e gratuita.”
Observa-se, no entanto, que a anos vem se pensando na inclusão dos portadores de deficiência e numa maneira de buscar com que suas diferenças não sejam alvo de preconceitos e discriminação, mas sim que eles se tornem especiais perante a sociedade.e que o conceito de diferenças individuais sejam compreendidas
Não basta apenas pregar o que está escrito na constituição e preciso que se acredite realmente que um deficiente tenha a capacidade de interagir em nosso meio, que são tão ou mais capazes que as pessoas consideradas normais, que são pessoas com sentimentos, apenas em busca de oportunidades e credibilidade.
Para que tudo isso ocorra e preciso imediatamente inovar a maneira de se pensa sobre inclusão, e que a sociedade , e principalmente a escola proceda não apenas com situações não programadas chamadas de informais, que ocorrem em nossa própria vida, mas que como também de situações programadas que acontecem nas instituições sociais e que procurem orientar o individuo para um fim determinado.
E preciso que cada um tenha o seu valor reconhecido e suas diferenças respeitadas. “A educação de um individuo procede de situações capazes de transformá-lo ou de permitir transformar-se..” (Mazzotta, 1982, p 33).
Enfim, assumir o deficiente na família ou na comunidade não significa adotá-lo em razão de suas limitações, mas de suas potencialidades, abrindo espaço para que tenham chances de mostrar seus valores e que o mesmo seja reconhecido pela sociedade.
2.1- A inclusão no âmbito escolar baseada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 e no Estatuto da Criança e do Adolescente
Segundo Pietro (1997), presenciamos vários movimentos sociais que apontam para um reconhecimento de direitos de cidadania e para a solução de problemas humanitários como: a reivindicação para legitimar o direito ao aborto em casos de estupros e de alto risco de vida para gestante, a luta para garantir a legitimação da união civil de casais homossexuais, entre outros, a histórica luta para garantir educação para todos.
O que se pretende, no entanto, é reconhecer a existência de cidadão em condições diferentes da maioria e adequar as leis de modo a permitir uma melhor convivência, alcançando assim um processo de democratização da sociedade.
Portanto, a luta pelo fim da desigualdade requer mudanças de atitudes sociais, que proporcionará a eliminação de obstáculos que acentuam e ou geram limitações . Assim a garantia do principio de igualdade, tão conclamado em nossas leis se da também pela oferta de iguais condições e oportunidades para que todos possam desenvolver suas competências e participar ativamente na sociedade.
Além da educação, outros direitos aos portadores de deficiência são adquiridos como: a igualdade de direitos no trabalho, assistência social especial, adaptações materiais, físicas e sociais, visando proporcionar-lhes condições adequadas de acesso aos bens sociais de locomoção e que estes se tornem o mais independente possível, alem do direito ao ensino especializado, sempre que necessário ou seja a tão chamada Educação Especial.
Mas o que vem a ser uma educação especial?
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 a LDB :
Entende-se por EDUCACAO ESPECIAL, para os efeitos desta lei a modalidade de educação escolar,oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais.
1º- Haverá, quando necessário serviços de apoio especializado na escola regular para atender as peculiaridades da clientela de educação especial.
2º- O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que em função das condições especificas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular
3º- A oferta de educação especial, dever constitucional do estado, tem como inicio na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (Cap. V, art.58)
Esse artigo, além de ressaltar o principio de atendimento escolar sempre que possível integrado as classes comuns de ensino regular desde a educação infantil, situa a educação especial como integrante do sistema educacional, não sendo tratada em oposição a educação comum.
Analisando todo o contexto deste artigo podemos ver claramente que todo esse respaldo fica apenas no papel que na verdade isso não vem acontecendo. Porem mais do que direito a educação e o direito as oportunidades educacionais. “A extensa gama de diferenças existentes entre os educandos a serem atendidos nas instituições escolares exige que haja uma diversidade de meio disponíveis no sistema escolar, a fim de se assegurar o atendimento desse direito.” (Mazzotta, 1996, p.36)
Portanto não basta apenas inserir um aluno portador de deficiência e preciso que haja diversidade nos sistemas escolares, mudança na busca desse atendimento para que realmente seja atingido o objetivo proposto no artigo anterior da LDB.
Segundo Mazzotta (1996), o atendimento as necessidades educacionais especiais aos portadores de deficiência na classe e ou a utilização de todo conhecimento acumulado pela área de educação especial, proporcionara a melhoria da qualidade de ensino segundo as características de cada aluno, visando a um atendimento individualizado, organiza os currículos, visando diversificar a metodologia e as estratégias de ensino entre tantas modificações e com certeza benéfica para todos os educandos.
Para tanto para se garantir a freqüência dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais em todo o fluxo de escolarização a LDB estabelece a oferta de educação especial desde a faixa etária de zero a seis anos, ficando como tarefa definir claramente no processo de regulamentação dessa diretriz, a que instancia do poder publico caberá a responsabilidade e o ônus.
O artigo 59, dispõe sobre condições que devem ser asseguradas para que se efetive o ‘‘ especial ‘‘ da educação:
Os sistemas de ensino assegurara aos educandos com necessidades especiais:
I- Currículo, métodos, técnicas, recursos educativos e organização especifico para atender as suas necessidades.
II- Terminalidade especifica para aquele que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados
III – Educação especial para o trabalho visando sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo mediante articulação com órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentem uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectuais ou psicomotora.
V- Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.( art.59 LDB)
Portanto segundo este artigo são apontados algumas condições básicas que precisam estar presentes na organização escolar para que de fato seja caracterizado o atendimento especializado aos alunos com necessidades educacionais.
Desta maneira é importante se ter claro que os direitos e deveres acerca da educação em geral, contidos na legislação contemplam a todos os cidadãos e que portanto no limite, esses não precisariam ser reiterados, de meado particular, em relação a uma dada parcela da população. No entanto tem se previsto o especial na educação referindo-se a condições que possam ser necessárias à alguns alunos para que se viabilize o cumprimento dos direitos de todos e educação.
Num dos capítulos da LDB que trata da educação especial ainda estabelece que:
Os órgãos normativos do sistema de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio pedagógico e financeiro pelo poder publico.
Parágrafo único- O poder publico adotara com alternativa preferencial a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede publica regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (art. 60)
Assim o parágrafo único deste artigo é repensável pela previsão de que, independente do apoio às instituições o Poder Publico devera adotar como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos.
Para tanto a terminologia educandos portadores de necessidades especiais é bastante difusa, pois não especifica a que tipo de necessidades esta se referindo e então podemos considerar que boa parte da população tem algum tipo de necessidade em especial. No entanto as produções teóricas mais usadas e a necessidade educacional especial, que esclarece melhor a natureza da necessidade.
Mazzotta (1996) afirma que o atendimento escolar dos portadores de deficiência pode se dar pela via comum de ensino ou em ensino regular,que consiste nos serviços e recursos geralmente organizados para todos e pela via designada como especial, onde o ensino ocorre mediante a utilização de recursos e serviços especiais que geralmente não estão disponíveis nas situações comuns de educação escolar e mais, a existência de uma deficiência não basta necessariamente, a que o seu portador possa ser bem atendido mediante os processos comuns de ensino.
Um outro documento assegura a educação aos portadores de deficiência e o Estatuto da Criança e do Adolescente o ECA, onde em uns dos seus artigos ressalva:
É dever do estado assegurar a criança e ao adolescente:
III- Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (art.53)
Como podemos observar a muito se fala nos direitos dos portadores de deficiência , pois todos esses artigos revistos anteriormente tem como base a tão sonhada inclusão, mas se chegar lá parece uma eternidade pois apesar das leis, ainda estamos caminhando em passos muito lentos.
Para que a devida inclusão sai do papel e se torne algo concreto primeiramente é preciso que se pense que a diversidade é parte da natureza, e que a diferença não é um problema, mas uma riqueza. E que uma sociedade democrática busca um caminho sem distinção, e que uma escola democrática é com certeza uma escola para todos sem exceção.
3 – Políticas da Inclusão
De acordo com Mazzotta (1996), o movimento mundial da inclusão chega ao Brasil com a Declaração Mundial de Educação para todos, que propõe:
Uma educação, destinada a satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem, o desenvolvimento pleno das potencialidades humanas, a melhoria da qualidade de vida e do conhecimento e a participação do cidadão na transformação cultural de sua comunidade.(art.1º )
Portanto, os princípios da educação inclusiva foram melhor clarificados com a divulgação da Declaração de Salamanca em 1994, que traz importante transformação conceitual em relação aos objetivos da educação especial, modificando a forma de atendimento educacional das pessoas com deficiências graves ou dificuldades de aprendizagem.
Para tanto surge o conceito de necessidades educacionais especiais segundo o qual as escolas tem de encontrar maneiras de educar com êxito todas as crianças, independente de suas capacidades físicas, sensoriais, intelectuais ou emocionais.
É fundamental que se tenha em mente que a educação de alguns deficientes pode ocorrer tanto pela via comum quanto especial. E mais, que a existência de uma deficiência não obstância necessariamente a que o seu portador possa ser bem atendido mediante os processos comuns de ensino. “O tipo de grau da deficiência bem como os efeitos por ela acarretados, além das condições gerais dos serviços comuns, e que ira servir de indicadores da necessidade ou não da utilização de auxílios e serviços especiais de educação.” (Mazzotta,1997 p.37)
Desta maneira são as necessidades educacionais individuais confrontadas com os serviços educacionais existentes na comunidade, que devem subsidiar a definição da via ou de recursos a serem utilizados para a educação de qualquer pessoa, e não o rótulo, o estigma de deficiente.
De acordo com Sassaki (1997), a inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos envolvidos no processo de inclusão dando um passo para caminhar em sociedade livre de preconceitos e limitações.
Para que essa ajuda de fato venha ocorrer a Declaração de Salamanca assegura que:
Os jovens com necessidades educacionais especiais devem receber ajuda para fazer uma eficaz transição da escola para a vida adulta produtiva.
As escolas devem ajudá-los a se tornarem economicamente ativos e prover-lhes as habilidades necessárias no dia a dia, oferecendo treinamento em habilidades, que respondam as demandas sociais e de comunicação e as expectativas da vida adulta. Isto requer tecnologias apropriadas de treinamento incluindo experiência direta em situações de vida real fora da escola.
Os currículos para os alunos com necessidades educacionais especiais em classes mais adiantadas devem dar apoio para ingressarem no ensino superior sempre que possível e subseqüentemente treinamento profissional que os prepare para atuarem como membros contribuintes independentes em suas comunidades após terminarem os estudos. Estas atividades devem ser executadas com participação ativa de conselheiros profissionais, agencias de colocação, sindicatos, autoridades locais e diferentes serviços e entidades interessadas.(Decl. De Salamanca p. 56)
Portanto este tem sido um documento guia,onde as escolas buscam modernizar-se e os professores aperfeiçoarem suas praticas educacionais , pois pensar em inclusão implica acreditar que não apenas as pessoas deficientes devem modificar-se , para receber em situação de igualdade todos os seus cidadãos, mas principalmente a sociedade aceitar essa pessoa como qualquer outro cidadão com suas dificuldades, capacidades , direitos e deveres e sobretudo com muito respeito.
A inclusão e um motivo para que a escola se modernize os professores aperfeiçoem suas praticas e, assim sendo, a inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma conseqüência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do ensino básico. (MANTOAN,1997, p.120)
Para Mazzotta (1996), a Declaração de Salamanca traz importante transformação conceitual em relação aos objetivos da educação especial, modificando a forma de atendimento educacional das pessoas portadoras de deficiência, uma vez que inclui no ensino regular todas as crianças, inclusive as que tem deficiências graves ou dificuldades de aprendizagem.
Com esta Declaração surge o conceito de necessidades educacionais especiais, segundo o qual as escolas têm de encontrar maneiras de educar com êxito todas as crianças independentes de suas capacidades.
Observa-se neste conceito uma mudança de paradigma, o foco da atenção deixa de ser o deficiente e passa a centrar-se na pessoa do aluno e no processo ensino- aprendizagem, o qual deve ser adaptado às necessidades especificas do aluno no contexto escolar, contando com a participação da família e comunidade.
Para tanto é preciso ter cautela para não cair no reducionismo de considerar que a mera inserção do portador de deficiência no ensino comum seja suficiente para que eliminemos as desigualdades educacionais a que estão submetidos. Não e simplesmente garantindo que todos tenham acesso a escola que garantiremos a escolaridade para todos.
Hoje ainda percebemos atitudes de exclusão em relação ao portador de deficiência, apesar de ser garantido em lei o direito a educação escolar e necessário construir a qualidade e de ensino que atenda estas crianças, bem como a ampliação de serviços e recursos de educação especial que propiciam o desenvolvimento de suas competências e levem em consideração as suas necessidades especificas imposta pela sua deficiência.
Portanto a base da inclusão esta na crença de que a criança não é um problema, mas uma riqueza.
3.1- O papel do professor
Para tratar a formação dos professores na área de educação especial o texto da LDB nº 9.394/96 estabelece que:
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
III- Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.(art.59)
À medida que este fato assim subscrito no artigo acima for concretizado, a educação especial será substituída pela educação regular e grandes aberturas acontecerão à integração social dos deficientes em geral, acolhidos entre os normais, na escola será sem duvida, mais fácil se efetuar a sua desmarginalizacão em outros ambientes inclusive da própria família.
A admissão de alunos deficientes em classes regulares portanto envolve a capacitação de professores que se propõe a esse trabalho.
E preciso, pois, tratar dessa questão desde a formação mínima do magistério ate o curso de pedagogia, para que estas classes ofereçam uma vivencia que reforce o caráter democrático da escola e da sociedade que o abriga. O professor deve estar apto a desenvolver um trabalho que igualize as oportunidades educacionais entre normais e deficiente, sem prejuízo para ambos. (MANTOAN, 1997, p .148)
Segundo Mantoan (1997), o grande desfio para o professor em termo de sua e atuação segundo um currículo construtivista de educação para o deficiente esta em fazê-lo encarar o aluno como uma pessoa que age decide e pensa com seus próprios meios.
Desta forma vencida esta barreira inicial e estando o professor certo de que sua função não e ensinar, mas criar situações para que o sujeito aprenda passando então o construtivismo a ser visto com menos empecilhos.
A autora afirma que trabalhar a partir de um currículo construtivista impõe do professor resolver verdadeiros conflitos internos, provocado pela dificuldade de incorporar idéias educacionais que fazem a regra do método mais usuais.
Cabe então ao professor seguir os passos de seus alunos no sentido de fazer por seus próprios meios a resposta ou conhecimento a que ele tem condições de acesso, tendo plena responsabilidade na perspectiva educacional, influindo nos alunos a segurança necessária para fazer com que se sintam motivados a enfrenta as dificuldades escolares, buscando eles próprios as soluções para os seus problemas, tendo autonomia para resolvê-la.
Neste enfoque o professor precisa antes de mais nada conhecer o seu aluno, sua realidade e assim traçar dele um perfil servindo de base para as elaborações de suas atividades. “Um traçado não se restringe ao um único aspecto do desenvolvimento, mas ao seu sujeito por inteiro”. (Mantoan, 1997, p.156)
“No documento `Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica”, de 2001, o Conselho Nacional de Educação explicita o perfil desejado de formação de professores que, como se pode observar, dificilmente seria atingido no nível médio.
1º- São considerados professores capacitados para atuar em classes comuns com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais aqueles que comprovem que, em sua formação de nível médio ou superior, foram incluído conteúdos sobre educação especial adequado ao desenvolvimento de competências e valores para :
1 -Perceber as necessidade educacionais especiais dos alunos e valorizar a educação exclusiva.
II – Flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimentos de modo adequado nas necessidades especiais de aprendizagem.
III – Avaliar continuamente a eficácia do processo educativo para atendimento de necessidades educacionais especiais.
IV – Atuar em equipe exclusiva com professor especializado em educação especial.
2º- São considerados professores especializados em educação especial aqueles que desenvolveram competências para identificar as necessidades educacionais especiais para definir, implementar, liderar e apoiar a implementação de estratégias de flexibilização, adaptação curricular, procedimentos pedagógicos e práticos alternativos adequados ao atendimento das mesmas, bem como trabalhar em equipe, assistindo ao professor de classe comum nas praticas que são necessárias para promover a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especial.(CNE/CEB, Res.nº 2,2001 art.18)
De acordo com Mazzotta (1996), não cabe ao professor ao professor papel de mero executor de currículos e programas pré- determinados, mas de alguém que tenha condições de escolher atividades, conteúdos ou experiências que sejam mais adequadas para o desenvolvimento das capacidades fundamentais do grupo de alunos, tendo em conta seu nível e suas necessidades.
Portanto não há uma seqüência ideal de conteúdos, atividades ou experiências que atenda apropriadamente todos os grupos de alunos, porem isto não significa que seja possível ou adequado preparar um currículo que possa satisfazer a um conjunto de alunos, mas que diferentes maneira de atuar com os alunos, de desenvolver os componentes curriculares, de combinar as situações de ensino e aprendizagem devem ser efetivadas a fim de conduzir ao ponto comum almejado.
Segundo Mantoan (1997), o professor deve primeiramente traçar um perfil servindo de base para a elaboração de atividades e interações que venham ao encontro do que o aluno necessita para sua evolução.
Para tanto é preciso que haja interesse do professor, competência, dedicação e versatilidade na atuação de sua pratica pedagógica. É preciso que o professor compreenda o que esta por trás do comportamento expresso e supostamente apresentar ao portador de deficiência desafios a sua capacidade atual de ultrapassá-los, com vistas a que a estas sejam acrescidas novos meios, para isso o professor precisa esta preparado, procurando aperfeiçoá-lo a todo momento. “É imprescindível que o professor estude, atualize-se e procure adaptar os novos conhecimentos adquiridos, partindo de hipóteses levantadas em seu próprio espaço educacional”. (Mantoan, 1997, p.156)
Segundo Mantoan (1997), o professor precisa ser antes de tudo um profissional que não se contenta em reproduzir métodos e técnicas, aplicando-os a sua classe diretamente, porque deu certo em outro lugar. Por trás de sua pratica há de existir sempre uma questão que se reelabora a medida que vai sendo respondida, constituindo-se de uma cadeia experimental.
Para o autor independente das dificuldades advindas de sua deficiência todo aluno pode ,a seu modo e em seu tempo, se beneficiar de programas educacionais. Eles apenas precisam que lhe sejam dados oportunidades adequadas para desenvolver seu potencial de aprendizagem e conseqüentemente se integra. O professor deve manter uma postura coerente , pois enquanto exemplo, e não modelo a ser imitado, ele é também , elemento de referência para que o aluno possa construir sua própria identidade. O professor deverá conhecer a deficiência e sua dificuldade; através das observações, antecipar atividades educativas para minimizar e ou eliminar as dificuldades de seu alunos como trabalhar para promover seu avanço em busca de seu desenvolvimento global ,sem rotulação o enquadramento nesse ou naquele perfil estereotipada da área em foco .
Quanto ao quadro curricular a ser trabalhado na educação inclusiva, devera ser observada aquele preconizado para a educação comum, cabendo ao professor especializado adaptá-lo, fazendo com que ele seja enriquecido, suprimido ou modificado afim de que seja adequado ao nível de desenvolvimento dos alunos.
Segundo Mazzotta (1996), as instituições escolares devem contar com meios adequados para atendê-los, pois quando se fizer necessário o atendimento do aluno deficiente mediante situações escolares especiais, que impliquem, alterações no conteúdo, na metodologia e no ambiente de aprendizagem para que possamos falar em organização curricular especifica. “Em principio todo currículo será especial na medida em que considera que e a escola que cabe a tarefa de elaborar o seu currículo.” .(Mazzotta, 1996, p. 100)
Portanto os currículos devem ser baseados de acordo com as necessidades e realidades de tais alunos.
O professor jamais pode deixar os alunos portadores de necessidades edificativas especiais à margem da sociedade, pois a socialização do individuo é fundamental para tornar o processo de ensino aprendizagem bem natural, busca conhecer, identificar o nível de desenvolvimento do aluno para a elaboração do planejamento é necessário para que eles possam atingir os objetivos dos demais alunos da turma, mesmo sabendo que o seu ritmo de aprendizagem é mais lento.
O professor deve ter a consciência que nem todos aprendem da mesma maneira, e por isso ele precisa ser o mediador, buscar a partir dos interesses e conhecimentos o caminho para o desenvolvimento da capacidade de crescimento do ser humano.
Na visão de Mazzotta (1996), a educação dos alunos com necessidades educativas especiais tem os mesmos objetivos da educação de qualquer cidadão, algumas modificações são as vezes requeridas nas organizações e no funcionamento da educação escolar para que tais alunos usufruam dos recursos escolares de que necessitam para o alcance dos seus objetivos.
Para tanto é preciso que se construa a socialização tanto com o deficiente quanto com os pais,pois a participação dos próprios na vida escolar de seus filhos e importantíssimo para o seu desenvolvimento e para sua integração na esta. Estar compartilhando preocupações e expectativas, tomando iniciativas conjuntas favorecem no trabalho educacional do professor.
Portanto a participação dos pais será sempre fundamental porque eles devem se sentir parte do processo ensino aprendizagem e de um papel importante que é o da socialização.
Cabe aqui o professor dar o passo para que essa socialização de fato aconteça.
Enfim, é preciso que se pense primeiramente na formação do educador, não como uma formação para a inclusão, pois não há como formar alguém para a diversidade, mas como um individuo que possa dar a estas crianças suportes para que realmente elas aprendam e assim convivam com as outras crianças sem discriminação, livre do preconceito e sobretudo que sejam respeitadas suas limitações e o seu tempo de aprendizagem.
Conclusão
No decorrer deste trabalho pude concluir que a inclusão dos portadores de deficiência é um processo que exige respeito ao próximo, tanto da pessoa que recebe esse individuo quanto do próprio deficiente e principalmente a aceitação das diferenças de cada um.
É preciso antes de tudo que o próprio deficiente se aceite dentro de seus limites para que então seja aceito pela sociedade.
Para que de fato a inclusão venha acontecer basta que as legislações sejam levadas a serio e algumas aperfeiçoadas e que a pessoa envolvida neste processo no caso aqui o professor seja um atuante e que este esteja em constante aperfeiçoamento podendo assim atender as necessidades do aluno.
Sabemos que educar uma criança portadora de necessidades especiais é uma experiência nova para o professor e também um desafio. E que devemos olhá-la como se fosse um estorvo dentro da sala, pois acreditar na capacidade e em sua potencialidade e acreditar que você pode sim trabalhar par a que se construa um futuro melhor sem discriminação, sabendo que estas crianças tem muito a nos ensinar e que são tão ou mais inteligentes aos ditos normais.
Incluir não é colocar o individuo junto aos demais apenas, mas buscar em nos mesmos caminhos, vontade para que possamos ajudá-los a ser um vencedor e então também junto com os portadores seremos também vencedoras.
A lei diz que e direito de todos à educação, portanto cabe à escola aprender a conviver com as diferenças e traçar caminhos que levem de fato a inclusão.
Quem sai ganhando com isso são todos nos pois aceitar as diferenças enriquece a nossa formação de cidadão, desenvolve valores éticos, valores que devem ser ressaltados nos educadores, educandos e políticos.
A LDB fala de igualdade, respeito, qualidade, o ECA , dos direitos, cabe a todos nos cumpri-las ou cobrar o seu cumprimento para que os alunos portadores de deficiência sejam realmente atendidos na sociedade e na escola.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069 de 13 de junho de 1990.
GLAT, Rosana. Educação Especial: A integração Social dos portadores de deficiência, uma reflexão. Vol I 2ª edição. Ed. Eletrônica – 1998
MAZZOTTA, M.J.S. Educação Escolar: Comum ou Especial. São Paulo: Pioneira, 1982
MANTOAN, M.T.H. A integração de pessoas com deficiência. São Paulo: Senac, 1997
MAZZOTTA, M.J.S. Educação Especial no Brasil. São Paulo: Cortez,1996.
Políticas da inclusão: Compromisso do poder publico, da escola e dos professores.R.G,PRIETO-1997
SASSAKI, Romeu Kazumi. Construindo uma sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: Ed W.V.A, 1997
WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: ED. W.V.A, 1997.